quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Náufrago em Pensamentos

   Alguns corações são bares abertos no meio da madrugada, do tipo que se você  beber demais é posto pra fora. Quando você se toca que há pessoas estranhas no bar, você quer ir pra rua, quer respirar.
   O seu coração pra mim é a rua mais bonita da minha cidade. Vazia, iluminada, acolhedora como braços de mãe e serena como o tipo de cabeça que eu queria ter. Enquanto a galera está nos bares pela cidade, eu prefiro ficar nessa rua. Minha como nenhuma foi.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Conto

   Uma rua estreita e pouco iluminada. Era o que a sacerdotiza do reino via da sua janela do palácio. Certa vez apareceu um rapaz por aquela rua, logo menos ele passou outras vezes por lá por mais algumas luas e sóis. Ela se apaixonou pelo jovem, intocável e perfeito visto de longe. 
   Ela preparou uma poção do amor para ele , então se disfarçou indiscretamente e entrou na personagem de uma dama misteriosa vendendo felicidade em frasquinhos, como o prometido. Logo menos o moço já estava em seus braços, encantado pela poção do amor.
   O tempo passou ela se cansou dele rapidamente, não entendia o motivo. Mas mesmo após quebrar o coração do rapaz, ainda o assistia passando pela rua estreita e estranhamente acesa, enquanto chorava na olheira da janela. Ele se arrastava pelo concreto, movido pela vida bohêmia. 
   Então a sacerdotiza lançou um feitiço no rapaz, para esquecê-la e acabar com o seu sofrimento. Mas mesmo assim o garoto ainda ainda se arrastava pelo chão e não sabia o por quê. Então, novamente disfarçada foi até o rapaz e conversou com ele. Quis saber o por quê da melancolia.
 Após esse dia, eles se encontravam cada vez mais. Após aquele dia, a sacerdotiza e o rapaz se encantam sem feitiço, se hipnotizam sem truque. Ideias soltas.

sábado, 4 de julho de 2015

Minha menina

Mais uma vez você foi dormir
sem ao menos suspirar um boa noite.
Sinto saudade dos seus rios de carinho
daquele tempo que teu amor ainda era quente.
Os meus braços te seguram gentil e firmemente
enquanto ainda observo o horizonte.

O arranhacéu cortando os ventos e os mares lá de cima
agora cortam o meu peito com teu leito tão longe do meu.
Mas ainda que tenha ternura em suas mãos,
você  insiste em usar luvas após o inverno.

O teu pensamento ártico
me afasta os calores do teu coração zeloso.
Não esqueça de como você me ama,
também não esqueça do quanto te amo.

terça-feira, 7 de abril de 2015

O Amor costuma vencer batalhas

   Céus cheios de fuligem. Jovens se esforçando por uma miséria abaixo de um dia cinza. O calor da fornalha movimenta as máquinas dentro de encarcerados de tijolos reforçados. Chaminés estendidas como estandartes desembocando o suor maquinário.
   Holocaustos assombrando sombras das luminárias, o medo reina os colchões de mármore. As chuvas de verão não são mais de água, o ácido da vivência corrompe os fracos.
   Os projéteis fabricados voltam seus estilhaços para o seu povo, a esperança última a morrer ainda sangra piedade. A paz marcha em tanques, a segurança foi despedaçada e os tempos estão árduos.
   Tudo o que sobrou foi o amor, as pessoas ainda sabem amar. Ainda semeiam flores para colher ramalhetes e o herege randômico procura a sua alma gêmea perdida entre as estrelas, por miopia o brilho é o mesmo. Estrelas, porém, queimam ao tocar

terça-feira, 31 de março de 2015

Redenção

   A melhor coisa é guardar as lembranças boas, mesmo que lembre sozinho. Ter histórias para contar com apego, para os amigos, risadas soltas de piadas internas cochichadas nos seus pensamentos e ninguém entende o motivo de você rir tão levemente. Sozinho. Esquecer os problemas depois de ter aprendido com eles e mudar os seus erros, sozinho. Sozinho olhar para as fotos, tanto as da memória quanto as reveladas, com cuidado para não molhá-las de felicidade caindo do seu rosto.
   Abraçar o travesseiro lembrando dos abraços, fechando os olhos lembrando dos beijos dados, olhando para o vazio lembrando dos olhares, tudo isso faz parte. Lembrando e guardando com carinho cada cartinha de amor, cada pedacinho de papel com umas letras tatuadas no coração de ambos. Um amor tão forte, eterno mas em hiato, congelado mas não destruído. Tudo leva tempo, até mesmo os carvões demoram a virar diamantes. Sozinhos.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Vinte Zero Nove

   O dia amanheceu e você está com preguiça de acordar, o céu está limpo mas você ainda enxerga o nevoeiro da tempestade de ontem. Deixe a escuridão da noite de ontem para trás e polvilhe ela com estrelas de boas lembranças. Se ilumine com a lua do nosso amor.
   Deixe tuas lágrimas limparem suas feridas, deixe meus beijos anestesiarem a sua dor. Me abrace para não cair na tristeza e deixe o medo torná-la mais forte.
   Nunca é tarde demais, pois ao por-do-sol acenderemos velas de paixão. Na escuridão remova os medos e deposite paixão. Vamos rir sob os lençóis e dormir em paz.
   Deixe a impressão amarga no esquecimento, apenas memorize os votos onde compreendemos e demonstramos essencialmente muito amor inigualável surreal.

terça-feira, 17 de março de 2015

Tudo por nada

  Não basta ser de pedra, seu coração é de gelo também. Eu até o colocaria no meu whisky, mas sou um cowboy da cidade grande. O seu corpo pode ser meu vício, mas prefiro enrolar meu fumo à moda antiga. Meu tabaco e bebida me aliviam.
   O couro da sua pele pode até ser quente, mas o que me esquenta é o couro da minha jaqueta agora. Você montava em mim como eu monto na minha moto, meu amor agora tem duas rodas.
   Não nego que sinto sua falta, também não digo que estou vazio, o que te afasta de mim é o que me completa onde você faltou.