domingo, 21 de agosto de 2016

Ninguém, É Eterno

     Quando encruzilhadas se despertam dentro do espectro oscilante do desespero, há sempre o medo de deixar o caminho já conhecido.  Quando a parede se fecha atrás de você, quem você foi torna-se um beco sem saída. O improviso que é trilhar um novo “eu” com uma estrada feita de tijolos removidos do altar do eterno pretérito, que agora deixam lacunas na parede onde são preenchidas por dúvidas sobre o seu antigo pensar, vagueia nas sombras deixadas pelo alumbre da falsa sensação de ideias inatas.
     Os jogos de guerra e paz que se travam entre o meu ser e o meu ínfimo estandarte estampado pelo clichê caricato do rapaz sonhador, exuberam os choques entre feixes vermelhos e violetas que se amarram em um laço, unindo o pensar e o sentir em conforme que nenhum dos dois exércitos apelem para a abertura do receptáculo do Caos e Ordem. Ao mesmo tempo em que ambos reinos clamam pela quebra do Statu Quo de aprimoramento de peças falhas da máquina do ser.
     O que se sobra são sombras de caminhos adversos e controversos, onde primo modo semeia o carinho e o amor pela espera por alguém indeterminado, enquanto semita secundo pega o próximo trem para a fortaleza fossílica onde reside a cátedra sentimental, que prega a inconquista dos fragmentos cardíacos. Que caminho devo seguir, se nem Icarus sobreviveu quando voou muito perto de Rá?

Amor de Pessoa



     Há aqueles que se unem pela dor, alguns se unem por poder, poucos se unem com o ardor da chama do eu-interior em comunhão com arquétipo outrem. Não há felicidade maior que a minha, quando posso sentir a dor de me fundir com a chama do seu esplendor.
     Em volta do meu mundo, você já estava lá. Com o seu vazio preenchendo tudo o que faltava dentro de mim. Um vazio repleto de estrelas que brilham como os seus olhos, quando tomam a coragem de respirar o sopro de alegria do meu olhar, ao instante em que saboreio a tua presença ao meu lado, em repouso no nosso ninho.
     O seu presente não foi uma jaula para me prender e isso abriu questionamentos a mim mesmo. Antes de obter a resposta, você confiou em mim as asas para voar. Essa foi a resposta, o resultado, o prêmio por jogar-me ao vazio e abraçar a escuridão eterna que nos envolveu enquanto nos misturávamos e nos entregávamos à sinergia, à empatia e à sincronia que nos mantém despertos para sonhar de asas abertas. O céu não é o limite quando quero dedicar a décima segunda parte de oito do meu ser para ti.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Inquieto penubre sauda-ocioso

   A minha paixão te arde com o gelo do meu coração. A lua que se repousa nas ondas de um desvio súbito de devaneios reflete o brilho da nova. Um cego em tiroteio, com uma bala alojada no tambor que se etoura com o timbre de seu olhar atravessando o pobre coração partido, se esconde nas sombras da noite. A coleção de clichês transborda o rebordado do pano da alma, costurado com ilusões sólidas como uma miragem de um deserto ártico. Tamanho deserto de faces congeladas e corações impuros vagam no bruxuelar da chama caótica da paz de espírito. 
   Os infiéis aos termos se esquecem da vibração das palavras e temem o pavor no sussurro silencioso de um estrondo delicado de um trovão acertando em cheio, não só o mesmo lugar, mas o lugar que pertence à você no iglu mais frequentado que um cemitério vazio de memórias, com o esquecimento mais translúcido que as lápides.