quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Fumaça

Se o seu amor estiver atrás de uma chaminé,
a vida é aquela pessoa na janela do outro lado
fumando um cigarro.
Esperando você perceber, o que a fumaça tem haver
com o seu mau hábito de procurar fogo onde há apenas brasa.
 E só identificar um cigarro na varanda,
vendo o seu amor passar toda semana, por onde você jamais andou,
com o medo de não ser o mesmo e não ser aceito,
por nunca perceber o amor.
O seu amor sairá da chaminé e aparecerá quando menos esperar.
Assim acender a chama do forno do seu coração
com aquele amor que nunca foi seu, mas chama de próprio
para disfarçar o quanto é capaz de amar alguém.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Flare Gun

   Como se tatua a alma, não sei dizer ao certo. Ainda que meu templo seja construído por cicatrizes, há toques entreolhares que queimam a morada de minha natureza, que nos mesclam por atas ecoadas em espectros de duas cordas destinadas a se encontrar vida após vida, fim após fim e é eterno no tempo e espaço.
   Ainda o que há de ser e o que já foi e o que é não muda, cabe a vós a coragem de acreditar no amor novamente. Eu também estou com sonhos estilhaçados, amiga.
   O que se passa com a gente? conversamos todo dia e não há planos que nos afaste de uma deitada sadia. Ainda sim, a minha coragem de lhe confessar que jamais serei perfeito, poderia te trazer de volta? Vida após vida que eu tenho nessa mera existência, já morri tantas vezes só esse ano, imagine em três. 
   Minha vida não é completa sem você, mas é o que tenho a ofertar por um amor tão fiel quanto ao seu. Não sei em quem mais confiar, quando se trata de decifrar seus olhares, seria melhor se eu os observasse de perto, amiga.
   Há tanto a lhe dizer, tanto a se amar... Conheci o paraíso na Terra e não há lugar que eu mereça mais que estar ao seu lado. É onde escolho voar. Tanto aprendizado, já perdoei, fui perdoado e ainda sim a minha vaga no céu sempre será em seus braços.
   Estou aprendendo a não ser tão castigado por sua ausência mas chego à beira da loucura enquanto minha alma sangra esperando sua chegada. Já tentei de tudo, inclusive viver para me devolver a ti e ainda sim... nada...
   Quantas músicas terei de escrever, até você ouvi-las tocar? Quantos corações terei que partir, até você entender que só você possui o meu "amar" ?
 Amiga, amor, Minha Menina, volte. Precisamos conversar.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Fantasmas

  Meus ossos vibram com a liberdade, o pensar sempre em devaneios devolve o Cavalheiro Andarilho à sua paz in natura. 
   Quando uma razão a vagar em seus trajes de aprisionado toma o passar do tempo e queima o fim de suas correntes, não sei ao certo se os laços obsessivos transformam-se ou são rompidos. 
   Não sei ao certo a voz que clama o meu nome, mas há ainda uma chama que se apagará e leva consigo toda sua preocupação e as fotos nunca reveladas.
   O agora fiel determinado se desapropria e não pensa em si nem sente-se o mesmo.
   Relatório longínquo prevê o muro a se construir e não mais espera alguém em sua janela. O coração sobreviverá mais uma vez, será a ultima despedida?

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Complicado Demais Para Ser Mentira

Não espero cartas entregues
Em um postal tão tão distante
Um portal de chances
Defronte a um paraíso de novidades

A liberdade te aguarda
Me resta a paciência
Não se faz artes tão belas
Sem inspiração como a sua

Os acordes de minh'alma
Não ressonam mais com tamanha imprudência
Não consigo juntar mais palavras
Sem estarmos juntos a cantar

Algo nobre como pensar
Não é de meu luxo reconhecer
Como deixei de sentir
O raiar do dia em minha podridão

Espessos cofres guardam diamantes
Como eu guardo tuas mágoas
Conto uma por uma com uma lista de chamada
E volto a me deitar com tua quietude

A liberdade me aguarda
Me falta paciência
Não se faz artes tão belas
Sem o calor de minha musa

Não é de me tocar
Gestos tão singelos sequer os esforçados
Não é de me tocar
Quaisquer tons de cinza em meu sistema
Não é de lhe tocar
A minha dedicação noturna
A quebrar paredes que separam os toques de sua mão

Um torpor sem tamanho
Em tão pequenino coração
Não cabe em si a carapuça da simpatia
Lhe carece o toque singelo de mãos vazias

O fardo que carrega
Um inventor que vive do passado
É um acordo entre retratos
Que não consegue inovar o amor

Sinto dor, na pele eu sinto.
Não me cabe o vazio de ser
Mas a caixinha arde a me alegrar
Alegrar os ossos de um cachorro de migalhas