Um Sonho é Como Uma Memória Distante

   Não tenho certeza de que seja a primeira vez que eu sofro por mim mesmo apenas, mas não estou lembrado de que é tão ruim assim, isso me faz odiar as pessoas que já amei. Mas ainda sim é bom, agora não confio em mais ninguém, não amo ninguém e ninguém vai me quebrar, simplesmente por não ter o que quebrar.
   Sou um vazio, sou um ninguém. Meu coração foi para a luz e deixou uma sombra para trás, ele me deixou em companhia à minha sombra.
   Agora só restou um vazio e uma sombra, ambos sem coração. Não tenho nem mesmo minha própria sombra, pois esta me abandonou e tomou seu rumo. Não tenho certeza se devo procurar meu coração ou achar minha sombra primeiro, talvez eu esteja completo assim mesmo. Talvez esse vazio era a peça que faltava em mim. O tempo dirá.

Um Cavalheiro Andarilho Parte 3: Viajante Emotivo

   Eu sou um viajante, será raro ver mais de um relato meu sobre o mesmo lugar. Talvez eu mencione sobre relatos antigos, mas ver uma continuação de qualquer um será difícil. Minha continuidade está no descontínuo, mas mesmo assim eu encontro harmonia no meu ser, até mesmo nos sentimentos conflitantes.
   A viagem agora me corteja com um local suspeito. Uma pequena praça com poucas árvores quais explicitam o outono pelo cair de folhas aos montes com o Coveiro varrendo-as. Na época ele não era morto e muito menos coveiro. Tão pouco me conhecia. A pequena praça, deserta, tinha uma fonte octogonal que não flui sua água cristalina aos domingos, mas esse domingo ela estava chorando. Ela sabia que era a minha hora de partir. Fui denunciado por uma corrente de ar que limpou os céus da cidade que nunca é menos que nublada. Quando parti, a cidade entardeceu-se e o tempo lá voltou a caminhar.
   O tempo do Coveiro ali também chegou ao seu fim, ele quis vir comigo. Aos prantos ele se contradisse como eu, mas isso tirou dele suas memórias e suas emoções. Ele foi para outro lugar. As árvores imploraram para que eu ficasse, sussurravam os galhos em lamentação. Então eu despedi-me do meu berço e acordei por fim.
   Minha cama era de casal e eu dormia com a solidão, que me dera um bom dia com um beijo daqueles que dizem " tardarei a lhe deixar". Minha companhia no casarão eram o cachorro e o gato que brincavam lá fora.
   O Cavalheiro Andarilho é um viajante emotivo.

Vestindo o interior de fora

Você não está sozinho
Estou sim e estou muito bem assim!
Eu estou aqui
Mas quem é você?
Eu sou você.
Me deixe em paz.
Estamos em paz.
Estamos sozinhos.
Isso mesmo.
Esqueça elas.
Elas não prestam
Precisamos de alguém?
Só de nós mesmos.
Mas no fundo, nós sabemos de quem precisamos e eles estiveram sempre conosco.

De Tempos em Tempos...

Se devemos focar no agora,

porque ainda insistimos em prender-mo-nos no passado?

Se devemos focar no agora,

porque inventamos o relógio?

O presente é momentâneo,

o passado é mutável e o futuro

simplesmente nunca é alcançado.

Você vive  presente

pensando, visando o futuro,

mas só o seu passado é escrito.

O seu ideal nunca estará em suas mãos.
Não pode vê-lo mais do que uma vitrine,

algo que queres mas nunca terás.

Não pode ve-lo mais do que um troféu na estante,

pois já foi seu mas foi guardado para sempre.

O "agora" é o mais importante,

ou de igual importância

do que seria seu horizonte?

Palavras Desperdiçadas

   Bolso cheio de cartas nunca entregues, sequer enviadas. Boca cheia de palavras que insistem em se prender na minha garganta. Quando te vejo, sinto um misto de alegria, raiva, medo e às vezes até consigo identificar o meu desejo por ti, que raramente não está acompanhado de um desses sentimentos.
   Não sinto o frio da manhã, mas sinto o frio que deixa claro a falta que seus abraços me fazem. Não sinto o frio da noite pois você me acolhe com ternura em meus pensamentos, mas para compensar o meu sono solitário, só me resta sonhar com você.
   Em domingos estacionários eu vejo nossas risadas e conversas espalhadas pelo sofá da sala. Domingos são quentes e ensolarados, mas ainda insisto em passá-los juntio a ti.
   Você é a razão em questão quando penso duas vezes antes de viver sozinho, mesmo que não tenha razão alguma no que sinto por ti. Tudo nessa vida é passageiro, mas não é difícil ficarmos juntos por um bom tempo.

Um Cavalheiro Andarilho Parte 2: Névoas Esclarecedoras

  Um cemitério qual as lápides apareciam à noite apenas.

No crepúsculo daquela cidade sempre aparecia uma névoa densa, assim o segredo das lápides se escondia com êxito. Mas o segredo não era o aparecimento delas à noite, mas sim o sumiço delas pelo dia. Ninguém sabia disso, a não ser o Coveiro. O Coveiro sabia de tudo.

  O cemitério fica aberto todos os dias, o dia inteiro. O Coveiro não dormia, pois se ele dormisse ele sonharia. Se ele sonhar, as lápides de vidro se quebrariam. Todas as lápides daquele cemitério eram de vidro, menos uma. Todas as lápides sumiam pelo dia, menos uma.
  A primeira lápide, a primeira que você enxerga pela abertura dos portões pesados, essa era de pedra e não sumia de dia, só à noite. Era a lápide do Coveiro. Aquele era o cemitério dos vivos. E só o Coveiro sabe desse segredo. Ele e o Cavalheiro Andarilho que passeava pelo cemitério às sextas, eu dedicava o dia inteiro para passear naquele lugar.

Não vou esperar para sempre.

Só de te ver, a minha barriga congela.
Mas seu olhar firme me desce como um trago russo.
Isso esquenta a minha garganta.
Você me embebeda com o teu desejo e me embriaga de amor.
Mas agora estou de ressaca, enjoado de seu amor preso.
Você esconde ele, de forma que você se mostra mais ainda.
Você me recusa, como se não quisesse me aceitar.
Aprenda a deixar fluir o seu amor, ele já nasceu.
Se está em um conflito interno, me inclua fora dessa.
Não sou obrigado a sofrer pela sua incerteza, por hora me esqueça,
pra sempre seria mais apropriado. Agora meu coração está encouraçado
e não é o seu amor incerto que irá me livrar dessa proteção dormente.
Construí a parede, terminei de preencher os espaços vazios que você deixou em mim.
Espero que não ache que é a única que se encaixa em mim...
Mesmo que você seja a única quem eu queira, por enquanto.

O Coelho branco descobriu que o amor

Serve pra eu não viver bem,
serve pra eu sofrer e me inspirar para escrever textos bonitos pra quem não merece.
Serve para me inspirar para escrever textos de angústia, remorso ou textos em geral.
Serve para entender as letras de cada música que ouço.
Pior ainda: serve para eu me identificar com elas.

A chave nem sempre é sua, mas a fechadura e a porta são.

Até certo ponto, esquizofrenia é saudável.
Até certo ponto, esquizofrenia é uma cura.
Até certo momento, você está livre, mas tem chances de você prender a si mesmo em sua própria liberdade. Pois se a liberdade do outro restringe limita a sua liberdade, sua própria liberdade pode te limitar.
O conceito de prisão é tido como algo ruim. Mas se você está trancado para dentro, você está seguro, confortável. Entretanto, se você for trancado para fora, você estará preso em um mundo desconhecido, perigoso e imprevisível.
O Segredo é nunca trancar quaisquer passagens pelas quais você entrou ou saiu. Desbrave o mundo fora de si, mas sempre tenha um pouco de sanidade de reserva
para você poder voltar a si mesmo e ter onde se refugiar.

O Pervertido elegante ainda está de pé!

Com os cacos de vidro restantes do que já foi um coração meu,
montei uma taça para beber as lágrimas derramadas
das responsáveis pelas minhas cicatrizes emocionais.
Quando as borboletas do meu estômago se acalmaram depois de se agitarem tanto
por tanta gente que não merecia. Que despertou-as à toa,
afoguei-as com whisky, boa companhia e gargalhadas.
Elas não incomodam mais, restaram algumas, mas não atrapalham.
Com a confusão que as ingratas deixaram em minha cabeça,
fiz um quebra-cabeças da imagem de cada uma e de cada um deles, escondi uma peça.
Só para deixarem elas incompletas, como eu fiquei quando elas me abandonaram.
Pode parecer vingança, mas nenhuma delas merecem minha atenção.
É algo para mim mesmo, ninguém além de mim precisa ter provas de que estou bem.
Não é superação porque sempre estive acima das ingratas, das falsas e cruéis.
O Cavalheiro Andarilho continua de pé, caminhando, apaixonado e solto,
entretanto mais atento, mais cruel e mais fechado.
Mas continuo com a elegância do herege randômico pervertido e nômade que sempre fui.

Rascunho para uma indigna.

Descobri que seu amor é perfeito,
você parece uma encomenda sob medida para mim.
Sua pureza ressuscitou uma inocência que há muito eu perdi,
uma inocência que há muito eu não enxergava em mim mesmo,
pensei que não existia em mais ninguém.
Mas então enxerguei a inocência em você a qual me contaminou,
com sua pureza e sua inocência, você conquistou minha confiança também.
Agora você tem a minha cabeça, minha confiança
e me fez enxergar a inocência novamente,
está me moldando aos poucos e talvez nem saiba disso.
Mas o rei de copas ainda está seguro. Ele está ferido por conta de guerras anteriores,
ele está escondido e precisa de cuidados médicos, mas você sempre tem um jeito né?

Castelo de Cartas

Minha cabeça se assemelha à um castelo de cartas.
Tão complicada de manter o equilíbrio...
Instável.
Sua voz doce soa tão bem pra mim, é como um simples sopro na base do castelo,
ele treme, mas não cai.
Cada toque de suas mãos delicadas no meu rosto,
cada abraço apertado que você me dá
é como uma carta a mais que você coloca no castelo.
Ele ameaça cair, mas ainda se impõe firme.
Você brinca com as minhas cartas, embaralha-me todo, mistura-as.
Mas ainda sim você não derruba o nosso castelo.
Ele balança, mas não cai.
Toda vez que eu penso em você, é um sorriso bobo que eu solto sem querer,
que sopra forte as lembranças boas que tenho com você.
E então o castelo vai ao chão.
Mas um beijo, um abraço, um carinho...
Teus abraços, beijos e carinhos para eu ser mais preciso...
E estamos erguidos novamente em um castelo que é seu também.
Tu conquistastes minha cabeça, mas o rei de copas ainda está à salvo...
Por quanto tempo?